Pioneirismo, pesquisa, talento. São algumas marcas de Cleofe Person de Mattos, fundadora da Associação de Canto Coral, em 1941, que homenageamos neste Dia Internacional da Mulher. Numa época em que não era comum as mulheres serem maestrinas, Cleofe enfrentou qualquer tipo de preconceito e mais do que isso, se dedicou a consolidar o nome da instituição musical que criou com um grupo de cantoras-professoras de música.
Com toda sua fibra, Cleofe levou o Coro da ACC a reconhecimento internacional e nacional, com concertos fora do país e nos mais importantes palcos brasileiros à capela ou acompanhado por orquestras consagradas e sob regência dela ou de renomados maestros.

A veia feminista de Cleofe estava presente ao criar a Associação como um coro puramente feminino, como o hoje Coro Lírico Feminino. Depois, o Coro da ACC se tornou misto, com formações que se assemelham ao hoje Coro Sinfônico (grande coro) e ao de Câmara (menor).
O pioneirismo de Cleofe pode ser marcado pela extensa pesquisa feita por toda sua vida para recuperar a obra e as partituras do Padre José Maurício Nunes Garcia. Desta pesquisa, resultou o resgate e a difusão de grande número de obras do nosso passado colonial.
Além disso, num período em que o racismo estrutural bem forte, Cleofe recuperou e divulgou a obra de José Maurício, um padre negro que foi mestre de capela da antiga Catedral da Sé do Rio de Janeiro. Nomeado por D. João VI, mestre da música sacra da Capela Real.
Neste 8 de março, a Associação de Canto Coral tem muito a agradecer à pesquisadora e fundadora Cleofe Person de Mattos, um exemplo de modernidade até os dias de hoje.
Você descobre mais sobre a história da ACC e as fotos de época navegando por nosso site: www.acc.art.br. Assista agora a Vésperas de Nossa Senhora, de José Maurício Nunes Garcia, com o Coro de Câmara e regência de Ernani Aguiar.
https://www.youtube.com/watch?v=Smncjp5qEvU&list=PL5fpqGx43pky_liYjSaeEGwOTvAXQHlR_&index=44

*Na foto, Cleofe rege o Coro da ACC em Portugal, em 1965